Eu sempre fui dividida entre a Arte e a Ciência.
Desde pequena o desejo de saber como o rádio tocava, como a televisão transmitia uma imagem, o desejo forte de ser astronauta e conquistar o Universo, a paixão pela Física e pela Matemática, fizeram com que meus estudos se direcionassem para a Engenharia Eletrônica, profissão essa que exerço até hoje com fascínio e admiração.
E que me proporcionou na prática o aprendizado: “quanto mais eu sei, mas eu sei que nada sei”.
Me sinto pequena e ao mesmo tempo maravilhada perante às novas tecnologias que despontam freneticamente, às vezes me pergunto aonde iremos chegar?!
Tento prospectar o futuro para minhas futuras gerações e confesso que sinto que meus conhecimentos são como grãos de areia num oceano profundo e sem fim. Essa maravilha que é o conhecimento humano e tudo o que o homem é capaz de fazer.
O homem é capaz de fazer qualquer sonho virar realidade.
E fazer da vida... um sonho, o próprio sonho que tem que ser vivido na sua essência e plenitude, na maior forma de alegria, prazer e auto-conhecimento.
E no desenhar desse sonho... eu me encontro então na Arte.
Onde a busca frenética pelo conhecimento latente em mim se converte em sentimentos.
Aparece então o outro lado do meu cérebro, aquele que não tem nada de exato, que vem me falar de emoções, sentimentos, paixões, vida...
Percebo que tenho um coração batendo em mim, que se confronta com o cérebro, e nesse jogo entre razão e emoção, nem sempre a razão é vencedora.
Então eu pego e me apego aos meus pincéis, meus “companheiros irracionais” que me encorajam a expressar meus sentimentos mais profundos numa simples tela ou pedaço de papel ou uma superfície qualquer...
Começo a pintar motivos, todos eles sempre associados a um determinado momento da minha vida, a um sentimento.
Busco nos pincéis colocar para fora um sentimento que me incomoda, e que vai latejando, latejando... até virar um quadro novo ou até mesmo um texto, mas que tem que ser de alguma forma caracterizado em alguma forma de Arte....a “minha arte”...
Consolidado, ele então pára de latejar e eu volto a ter a minha paz interna.
Aí a velha dona Razão, aquela "que se diz a dona da verdade"... vem me chamar de volta.
Então volto aos meus elétrons, como num interminável jogo onde não há nenhum vencedor, apenas a sombra de uma vitória interna, que me aproxima de mim mesma, e dessa forma....de Deus.
Assim decidi escrever essas páginas, nas quais eu quero expor um pouquinho do meu trabalho artístico, onde fica evidente as minhas alegrias, angústias, conquistas, frustrações, aprendizados de vida, todos revelados através da arte....mais uma vez da “minha arte”.
E a maior manifestação da arte, vem sem dúvida.... do Amor que carrego no peito.
Aqui compartilho os momentos mais marcantes da minha vida que foram retratados em quadros: sem dúvida a minha gravidez, a magia de um ser gerar outro ser... me comoveu e me inspirou demais. A pintura tomou conta de mim enquanto esperava pelos meus filhos, minhas vidas, minhas paixões, e aqui fica registrado: meus filhos, voces são a minha vida....
Tem um quadro em particular que descreve o estado de graça que senti ao amamentar meu filho (vide obras).
Outros momentos marcantes foram minhas experiências fora do Brasil, onde passei por invernos rigorosos, onde até os antúrios (minha flor favorita pelo intenso vermelho que a reveste), adquiriram tons azulados, reflexos do longo período de inverno pelas terras por onde andei.
O último quadro que pintei, reflete minha dualidade, entre duas nações que eu amo: o Brasil e a Suíça, países que me dividem e que ao mesmo tempo se somam tanto!
Bem... espero que gostem da visita por essas páginas.
Páginas essas escritas por uma artista amadora, que quer mostrar que em cada ser humano existe um lado artístico, por mais ínfimo que seja, mas que deve ser alimentado para que a alma se aprimore, pois a arte é sem dúvida uma manifestação divina implícita em cada ser. Como já dizia Michelangelo:
“A verdadeira obra de arte é apenas uma sombra da perfeição divina”.
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Cristiane Georges Zommerfelds
